A imagem da capa foi criada pelo transcritor
e é colocado no domínio público.
GARIBALDI.
TRADUZIDAS DO MANUSCRIPTO ORIGINAL
POR
ALEXANDRE DUMAS
VOLUME I.—SEGUNDA EDIÇÃO
LISBOA—1860
EDICTOR A. P. C.
CHIADO, 83-85
MEMORIAS DE GARIBALDI
Como todo o presente tem ligação com o passadoé impossivel começar qualquer narração, ainda queseja a historia de um homem ou de um successo, semlançar os olhos para esse mesmo passado.
Obrigados pelo caracter aventureiro do homemde que começamos hoje a publicar as memorias, seremosmuitas vezes forçados a ir ao Piemonte, patriade Garibaldi. Os homens de acção politica, quandopertencem ao progresso, teem momentos de desalento,nos quaes como Anteo tem necessidade para recobrarnovas forças de tocar n'essa terra patria queBruto na sua fingida loucura beijava como a mãe commum.É pois mui importante fazer um estudo rapidodos acontecimentos que tiveram logar no Piemontede 1820 a 1834, época em que começa esta historia.
As guerras da republica e as invasões do imperiotinham trazido á Sardenha dous homens que haviam6partido para o exilio ainda jovens e voltavamvelhos; eram dois irmãos, nos quaes terminava a posteridademasculina dos duques de Saboia: fallamosde Victor Manuel I e Carlos Felix.
Ambos reinaram.
O ramo mais novo da familia Saboia era representadopelo principe de Carignan, que em 1823fez como granadeiro do exercito francez a campanhade Hespanha, tendo-se distinguido principalmente noTrocadéro.
Em 1840 n'uma audiencia que me concedeumostrou-me o seu sabre de granadeiro, e as dragonasde lã encarnada que conservava como reliquiasda mocidade.
Victor Manuel I subindo ao throno, que provavelmentenão lhe fora dado senão com esta condição,havia promettido aos soberanos seus alliados,o não fazer ao seu povo, fossem quaes fossem ascircunstancias, em que se encontrasse a mais pequenaconcessão.
Mas o que era facil de prometter em 1815, eradifficil de cumprir em 1821.
Desde 1820 os carbonarios haviam-se espalhadoem toda a Italia. Em um livro que é mais umahistoria do que um romance, no José Balsamo dissemosas origens do illuminismo e da franc-maçonaria.
Estes dois temiveis inimigos da realeza de quea divisa era L. P. D. (Lilia Pedibus Destrue) tiveramuma grande parte na revolução franceza. Swedenborg,de quem os adeptos assassinaram Gustavo III,era mago. Quasi todos os jacobinos e grande numerode cordeliers eram maçons, Philippe-Egalitéera do grande oriente. Napoleão tomou a maçonariadebaixo da sua protecção, mas protegendo-a,7desvirtuou-a, desviando-a dos s