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Produced by Tiago Tejo

+MÁGOAS AMOROSAS

DE
ELMANO+,
IDYLLIO
POR
BOCAGE.

Oh fortunati miei dolci martiri, S'impetrerò che, giunto seno a seno, L'anima mia nella tua bocca io spiri!

Tass. Gerus. Liberat. Cant. II.

LISBOA,NA IMPRESSÃO REGIA. Anno 1805.Por Ordem Superior.

+MÁGOAS AMOROSAS

DE
ELMANO.+

+IDYLLIO.+

Que scena tão suave aos Amadores!
Capaz de amenizar o horror da Morte,
Que, de azas negras, me esvoaça emtorno!
Que scena tão suave aos Amadores!
Com brando murmurío além revôão
De Venus, e de Analia, (iguaes no encanto)
De Venus, e de Analia as avezinhas.
Alli magoas não ha, não ha saudades,
Vivem como eu vivi, como eu não morrem!
Doce he ver-lhe os desejos innocentes,
Os momentos de Amor! He doce ouvir-lhe
Ternos gemidos em delicias ternas!
Unindo os bicos, se namorão, se instão,
Se afagão longamente, e arrulão juntas.
Nellas pejo não he, nem crime o gosto,
O altar da Natureza urdio seus laços!
Férreo Dever, que o Sentimento ancêa,
Dever, algôz de Elmano, algôz de Analia,
Nos tenros corações lhes não carrega!

  Felices Passarinhos melindrosos,
De Analia inveja sois, de Elmano inveja,
Sois da ternura, e do prazer a imagem.
Felices Passarinhos! Esquecei-vos
Hum momento de vós para lembrar-vos
De dois saudosos, míseros Amantes:
Vós os vistes viver, morrer de amores,
Viste-os Mortaes, e parecião Numes!

  Doces Escravos da prizão mais doce,
(Prizão, que apérto, que eternizo, e beijo!)
De Analia, como Elmano, escravos ternos,
Elle gemendo está: gemei com elle,
Ella suspira: suspirai com ella,
E na maga inflexão da voz maviosa
(Fonte de encantos, de carinhos fonte)
Brandura aprendereis, que apure a vossa.
Avezinhas de Amor! Não só merecem
Dois Amantes fieis a vós piedade,
Mas piedade aos Leões, piedade aos Tigres,
Piedade á Natureza, ao Fado, a Tudo.
Ah! Se alguma de vós logrou mais beijos
Daquella, cujos mimos deleitosos
Á vossa candidez eu permittia,
[1] E a hum Deos, e mesmo a hum Deos os não cedêra;
Se algum de vós, ó Passarinhos meigos,
Entre o ditoso, afogueado enxame
Dos pensamentos meus, dos meus desejos,
De Analia no sagrado, e níveo seio
Pousou, e, sem morrer, gozallo pôde,
E suave embebêo por entre as rosas
O biquinho subtil n'um Ceo de Amores:
Se encantadôra primazia obteve
No bem, na gloria de celeste afago:
Por isto, que expressão não tem no Mundo,
Ou de que hum ai dos meus sómente he frase,
Por isto á venturosa Estancia vôe,
Onde o que devo a Amor me usurpa o Fado,
Lares demande, que esclarece Analia,
Adeje aos campos que florecem d'ella;
E quando a vir co' a fantasia absòrta
Na imagem do sempar, mesquinho Amante,
Contando, como os Séculos se contão,
Agros momentos de teimosa ausencia,
Que os bens do coração lhe some aos olhos,
Pouse na mão de neve, e gema, e diga:
(Por milagre de Amor) «eis os suspiros,
«A vida, o ser, o espirito de Elmano.
«Todo he teu, todo he teu: não quer, não póde
«Ser d'outra, nem de si, nem do Destino.<

...

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