MACHADO DE ASSIS
Podia dizer, sem mentir, que me pediram a reunião de versos queandavam esparsos; mas, a verdade anterior è que era minha intençãodal-os um dia. Ao cuidar disto agora achei que seria melhor ligar o novolivro aos ires publicados, Chrysalidas, Phalonas, Americanas. Chamo aoultimo Occidentaes.
Não direi de uns e de outros versos senão que os fiz com amor, e dosprimeiros que os reli com saudades. Supprimo da primeira série algumaspaginas; as restantes bastam para notar a differença de edade e decomposição. Supprimo tambem o prefacio de Caetano Filgueiras, quereferiu as nossas reuniões diarias, quando já elle era advogado ecasado, e nós outros apenas moços e adolescentes; menino chama-meelle. Todos se foram para a morte, ainda na flôr da edade, e, excepto onome de Casimiro de Abreu, nenhum se salvou.
Não deixo esse prefacio, porque a affeição do meu difunto amigo atal extremo lhe cegára o juizo que não viria a ponto reproduzir aquiaquella saudação inicial. A recordação só teria valor para mim.Baste aos curiosos o encontro casual das datas, a daquelle, 22 de Julhode 1864, e a deste.
Rio, 22 de Julho do 1900.
MACHADO DE ASSIS.
Que a mão do tempo e o halito dos homens
Murchem a flôr das illusões da vida,
Musa consoladora,
E no teu seio amigo e socegado
Que o poeta respira o suave somno.
Não ha, não ha comtigo.
Nem dor aguda, nem sombrios ermos;
Da tua voz os namorados cantos
Enchem, povoam tudo
De intima paz, de vida e de conforto.
Ante esta voz que as dores adormece,
E muda o agudo espinho em flôr cheirosa,
Que vales tu, desillusão dos homens?
Tu que pódes, ó tempo.
A alma triste do poeta sobrenada
Á enchente das angustias,
E, affrontando o rugido da tormenta,
Passa cantando, alcyone divina.
Musa consoladora,
Quando da minha fronte de mancebo
A ultima illusão cair, bem como
Folha amarella e